Não há praticamente nada a fazer contra a minha ingenuidade inata, embora uma longa carreira no jornalismo seja um bom remédio contra a credulidade. Não que eu tenha passado a desconfiar completamente dos outros, mas já não compro qualquer vinho para qualquer pessoa. Agora que me tornei empresário, tropecei várias vezes na minha confiança na humanidade.
Será ingenuidade, excesso de confiança ou apenas maus negócios? Ou talvez uma combinação dos três? Em todo o caso, em 11 meses como empresário, já fui registado uma vez e meia como ingénuo.
Práticas ilegais
A primeira vez foi culpa minha. Desde o primeiro contacto com a pessoa em questão, havia algo de estranho. De facto, o primeiro comentário dela foi que achava que eu tinha uma cabeça bonita. Não sou insegura em relação a mim própria, mas sei que não se diz isso quando se vê a minha cabeça pela primeira vez. Na verdade, eu devia ter desligado o telefone na altura, mas decidi dar uma oportunidade. Ela gostou das duas primeiras mensagens. E eu também, na verdade. Combinámos previamente um preço e esse preço não estava certamente errado.
Após os dois primeiros textos, ela veio perguntar-me se eu queria escrever sobre substâncias ilegais. Segundo a cliente, essas substâncias não eram ilegais de todo, mas sim uma zona cinzenta. Não entrei nessa discussão, porque dei logo a entender que não tinha apetência para esse tipo de prática. Isto não correu bem. De repente, os textos anteriores deixaram de ser bons e também não me pagaram por eles. Depois de alguma insistência, decidi deixar as coisas como estavam. Era uma quantia pequena e só me custaria muito tempo e aborrecimento para conseguir pagar a fatura. Uma lição sábia, pode pensar-se.
O burro e a pedra
Agora trata-se de uma quantia muito maior. Estes textos, sobre práticas completamente legais, foram finalizados e enviados para aprovação após o feedback inicial. E agora está tudo calmo há uma boa semana. Pode ser, talvez devido a umas férias inesperadas ou a uma infeção do coronavírus, mas isso preocupa-me um pouco. Apesar do facto de o resultado deste meio caso ainda não ser conhecido, decidi começar a trabalhar com pagamentos parciais adiantados em trabalhos grandes. Gosto de escrever, mas trabalhar 20 horas para nada não é uma ideia agradável. Mesmo que ainda possa dar certo.
Traduzido e Adaptado por: Julia Mainardi – Freelancer do Freelancer.com.br
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